Master Class com Lloyd Kaufman da Troma
No último dia 04 de junho aconteceu no Cine Olido uma aula de cinema com o Lloyd Kaufman, presidente da Troma (empresa de cinema independente) onde ele falou com um público de 185 pessoas fanáticas pela Troma, por cerca de mais de 5 horas (nunca vi público tão quietinho e atencioso quanto aquele).
Lloyd é extremamente humilde, divertido e direto em tudo que quer dizer. Começou a aula zuando que havia ali no recinto 3 tipos de público: 1) produtores interessados em aprender mais sobre a produção independente; 2) fãs dos filmes da Troma e; 3) pessoas (como amigos e namoradas) arrastados por pessoas que queriam produzir filmes e/ou eram fãs dos filmes da Troma.
Sua Master Class (uma aula teorica sobre como fazer filmes independentes) passa por todos os aspectos de uma produção, começa abordando roteiro, captação de recursos (com ótimas dicas de como conseguir grana), a importância de uma pré-produção bem realizada (para evitar problemas na hora de filmar), seleção do elenco ideal para seu filme, sua equipe-técnica escrava, pesquisa de locação e a importância dos ensaios que é quando ele decide se muda ou não algo na produção. Na seqüência o criador do Toxie fala das suas 3 regras numa produção (entre elas a mais importante de todas: a segurança de todos os membros da equipe), os problemas mais comuns numa produção onde a maioria está trabalhando de graça e sobre efeitos (onde ele exibiu um hilário vídeo sobre Chroma Key que o público curtiu demais), escolha da trilha sonora e a edição e pós-produção.
O ponto mais interessante (pelo menos para mim) veio a seguir, quando Lloyd Kaufman abordou sobre a distribuição independente que, para nós brasileiros, talvez seja a maior falha do emergente mercado de filmes independentes. Foi bom constatar que a maioria das dicas que Lloyd passou eu já venho a anos testando/experimentando com a minha Canibal Filmes (que completará 20 anos de atividades agora em 2012). O Brasil ainda carece de um mercado cinematográfico sério, mas vejo que estamos criando os veículos necessários para a criação deste mercado aos poucos e com muito trabalho ainda pela frente, cinco anos atrás as coisas aqui eram muito mais desesperadoras.
Fica aqui meu agradecimento ao Fernando Rick e toda a Black Vomit Filmes pela oportunidade de aprender com o Lloyd Kaufman, foi uma puta aula linda demais (e ainda tive a oportunidade de pedir pro Lloyd autografar a capinha da minha fita VHS do filme “Stuck on You!”, primeiro filme dele que eu vi quando ainda era adolescente).
E logo após sua aula, Lloyd Kaufman ainda encontrou tempo para uma saudável confraternização com seus fãs mais atléticos (no almoço do dia anterior Lloyd disse ser um grande fã do cinema gay brasileiro, como a obra dos diretores Fernando Meirelles e Walter Salles).
Lloyd Kaufman, como todo bom produtor independente, trouxe junto vários filmes, cartazes e lixos diversos prá vender pros fãs (acreditem, é deste modo que um produtor independente consegue muita grana, por exemplo, eu não podia gastar neste mês prá ir prá São Paulo participar da Master Class, então peguei e fiz uma pré-venda de meus filmes entre pessoal do facebook e vendi prá mais de 300 reais em filmes, ou seja, meus filmes vagabundos que me permitiram o luxo de assistir a Master Class e ainda comprar esses dois filmes comentados abaixo):
“Bugged!” (1997, 82 min.) de Ronald K. Armstrong. Produção executiva de Lloyd Kaufman & Michael Herz.
Como todo bom filme bagaceiro, “Bugged!” promete mais do que pode cumprir. Aqui vemos cientistas canastrões que criam uns insetos repulsivos e, lógico, escapam do controle e atacam a casa da sexy dona de casa Divine (Priscilla K. Basque) e o exterminador de insetos é chamado. Os efeitos são deliciosamente toscos, a edição dá um ritmo irregular ao filme, as atuações são pavorosas mas, acredite, o filme é uma grande diversão!!! Blaxploitation misturado com horror sci-fi produzido sem dinheiro é sempre sinônimo de diversão, ou somente eu gosto destas tralhas?
“Backroad Diner” (1999, 89 min.) de Winston I. Dunlop II. Distribuido pela Troma.
Um blaxploitation produzido praticamente sem grana alguma, uma espécie de mistura dos filmes do Spike Lee (mas sem talento nenhum) com o filme “Def By Temptation” (1990) de James Bond III. Grupo de amigos negros encontram o racismo pelas mãos de caipiras brancos. É uma tentativa de fazer um drama racial tenso e violento, mas nada aqui funciona direito por conta das atuações amadoras. Mas mesmo cheio de falhas é uma grande diversão, recomendo!!!
http://rstvideo.com/trailer/backroad-diner/
E abaixo matéria que a TV Cultura fez com Lloyd Kaufman no centro de São Paulo (participação especial de Fernando Rick no papel de Toxie Avenger):
junho 10, 2011 às 8:52 am
Excelente matéria, Peter. Realmente foi um dia memorável e que dificilmente vai ser esquecido pelos fãs daqui de Sampa.
junho 10, 2011 às 1:43 pm
Petter, agora é você quem tem que preparar uma Master Class, “Como fazer filmes bagaceira no Brasil durante 20 anos sem ir parar na cadeia!”. Hehehe
junho 10, 2011 às 2:06 pm
Ricardo, coincidência ou não, estou, neste exato momento, preparando o projeto “Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos” que estarei oferecendo neste segundo semestre aos produtores de mostras, coisa fina!!!!
2012 será o anos das comemorações aqui na Canibal Filmes, bolando este projeto prá vender a Retrospectiva por todos os cantos do Brasil e juntando grana prá fazer um filme comemorativo de 20 anos, com direito a tudo que os fãs da Canibal sempre gostaram: Mulheres peitudas ensanguentadas, pintos balançando, blasfêmias diversas, piadas escatológicas, ritmo nonsense, roteiro idiota cheio de músicas deliciosas e mais, muito mais!!!
20 anos é apenas o começo de tudo, estou me sentindo com 12 anos, energia/idéias/loucuras querendo sair da cabeça tempo todo!!!
Paralelo ao projeto “Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos”, também estarei apresentando em breve um projeto para as pessoas (qualquer pessoa) que queira se tornam investidora nos meus filmes!!! Quem acredita na putaria, quem acredita no mal gosto, quem acredita nos fracassados, finalmente terá um lugar para investir seu dinheirinho e perpetuar o estilo de vida Canibal Filmes!!!
20 anos é só o começo!!!!!!!!
junho 10, 2011 às 4:21 pm
É isso aí Petter, tem mesmo que botar essa cambada de doido (incluido eu) para financiar seus filmes!
Tomara que role ainda esse ano a retrospectiva da Canibal Filmes aqui em SP, vai ser programa obrigatório!
Abraço!
junho 10, 2011 às 10:27 pm
Grande trabalho do Fernando Rick. Esse cara é foda.
junho 13, 2011 às 8:50 pm
hahahaha, sua fita do “Stuck on you” já era rara, e agora tornou-se histórica!
O cara parece ser muito gente boa mesmo!
Abraços!
junho 14, 2011 às 2:14 am
hahaha! foda!
março 5, 2012 às 6:36 am
[…] eu batendo papo com Leo Pyrata (de vermelho) e Flávio C. Von Sperling (de boné) numa pausa da Master Class que rolou em 2011 quando Lloyd Kaufman esteve no Brasil. Gostar disso:GostoSeja o primeiro a gostar […]
novembro 19, 2012 às 5:24 pm
[…] deste primeiro filme. Em 2011 Lloyd Kaufman esteve aqui no Brasil realizando sua hilária “Master Class” onde ensinou como realizar filmes independentes. Quem perdeu é um […]
dezembro 24, 2012 às 8:49 pm
Eu fui um mané três vezes:
1º por não conhecer o estúdio troma
2º por não ter assistido nenhum filme do troma
3º por não ser fã do troma na época 😛
outubro 5, 2016 às 1:25 pm
[…] Phil Smoot só dirigiu ainda outro filme, “The Dark Power” (1985), outra produção bem modesta em 16mm que mostra espíritos indígenas azucrinando os inquilinos de uma casa, também com Lash La Rue no elenco e que foi lançado em VHS no Brasil pela Poletel com o título “Toltecs – A Maldição”. Smoot foi produtor de inúmeros filmes de baixo orçamento, à destacar “The Boneyard/A Maldição do Necrotério” (1991) de James Cummins e “Tara/Ratos Assassinos” (2003) de Leslie Small, estrelado por Ice-T. Phil Smoot iniciou sua carreira cinematográfica no departamento elétrico do filme “Hot Summer in Barefoot County” (1974) de Will Zens e que nos USA foi distribuído pela Troma. […]
novembro 13, 2018 às 1:40 pm
[…] reencontrava nas mostras e festivais que envolviam o gênero. Fizemos o curso do Lloyd Kaufman “How to make your own damn movie“ e acho que foi lá que começou essa conversa de produzir alguma coisa. Eu e o Pedro já […]