Eu faço o ponto, quando belo vai o dia,
Para a passante que, com satisfação,
À ponta da sombrinha me fisgaria
O piscar da pupila, a pele do coração.
.
E acho que estou feliz – um pouco- é a vida:
O mendigo distrai a fome na bebida…
.
Um belo dia – triste ofício! – eu assim, –
Ofício!… – velejava. Ela passou por mim.
-Ela quem? – A Passante! E a sombrinha também!
Lacaio de carrasco, toquei-a… – porém,
.
Contendo um sorriso, Ela espiou meus botões
E…estendeu a mão,
e… me deu uns tostões.
poesia de Tristan Corbière.
* Édouard-Joachim Corbière (1845-1875) morreu aos 29 anos de tuberculose. Seu trabalho ficou conhecido quando Paul Verlaine o incluiu no ensaio “Poetas Malditos”. A poesia de Tristan Corbière é considerada precursora do Surrealismo.