Arquivo para setembro, 2011

As Coisinhas

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , on setembro 30, 2011 by canibuk

Na “Spektro # 6” (de julho de 1978) foi editada uma HQ de Steve Ditko chamada “As Coisinhas” que, apesar de não assumir nos créditos da HQ, é, possivelmente, baseada num conto de Ray Bardbury chamado “A Sound of Thunder” que foi publicado originalmente na revista Collier, em 1952. O mesmo conto serviu de base para o roteiro do filme “A Sound of Thunder” (2005) de Peter Hyams (lançado no Brasil com o título “O Som do Trovão”, confira trailer abaixo). Stevo Ditko nasceu em 02 de novembro de 1927 nos USA, é mais conhecido por ter criado (em parceria com Stan Lee), em 1962, o super-herói Homem-Aranha e, pouco depois (também em parceria com Lee) criou o Dr. Estranho para a Marvel Comics. Não sou fã de super-heróis, mas o trabalho de Ditko como desenhista de sci-fi é lindo!

Hey Punk, Get Off the Grass

Posted in Cinema, Música, Sex Symbol with tags , , , , , , , , , , , , on setembro 29, 2011 by canibuk

Ela foi atriz, cantora, uma das Dreamlanders de John Waters, dona do sorriso mais encantador da história do cinema mundial, estou falando da sex symbol Edith Massey, a lady egg nascida dia 28 de maio de 1918. Antes de ficar eternamente associada ao cineasta John Waters, ela trabalhava em vários empregos vagabundos, como lavadora de pratos, entregadora de panfletos e outras coisas. Quando Waters encontrou Massey ela estava trabalhando de garçonete no Pete’s Hotel, um pulgueiro de quinta categoria em Baltimore (cidade onde todos os filmes de Waters são ambientados), e ofereceu à ela um papel no “Multiple Maniacs” (1970). Em “Multiple Maniacs” ela acabou fazendo dois papéis, um dela mesma e outro interpretando a virgem Maria (melhor encarnação da virgem já levada às telas, na minha humilde opinião, lógico!). Juntos eles ainda fizeram o clássico “Pink Flamingos” (1972), com Edith no papel que a tornou conhecida: Edie – The Lady Egg (uma adorável senhora louca por ovos que acaba se casando com um “oveiro”, uma espécie de leiteiro, só que entregando ovos), “Female Trouble” (1974) no papel de tia Ida, o anarquista “Desperate Living” (1977) no papel da rainha Carlotta of Mortville e “Polyester” (1981) interpretando a personagem Cuddles Kovinsky. Paralelo a carreira de atriz nos filmes de John Waters (que na realidade deve dar muito pouca grana), Edith largou o emprego de garçonete e abriu um brechó chamado Bag Edith Shopping.

Na metade dos anos de 1970, Edith formou a banda Edie and the Eggs (capitalizando em cima de sua famosa personagem) que incluía, além dela, a baterista Gina Schock (que quando terminou a Edie and the Eggs foi para a banda The Go-Go), a guitarrista Ann Collier e a baixista Suzan Wirth. Edie and the Eggs era uma banda punk muito boa, a voz de Edith era perfeita para o estilo. Com a banda elas se apresentaram em lugares como o CBGB de New York. A banda durou de 1974 à 1978, com as garotas da banda reclamando que nunca ganharam dinheiro nenhum. Em 1982 Edith Massey ainda lançaria um single muito bom com duas ótimas músicas: “Big Girls Don’t Cry” e “Punks, Get Off the Grass”.

O último filme de Edith Massey foi “Mutants in Paradise” (1984) de Scott Apostolov. Para este mesmo ano ela estava escalada para viver a irmã de Divine no western “Lust in the Dust” (de Paul Bartel), mas morreu antes do início das filmagens devido a complicações da diabetes no dia 24 de outubro de 1984.

Trailers & Cenas de filmes de Edith Massey com John Waters

La Planète Sauvage

Posted in Animações, Cinema with tags , , , , , , , , on setembro 28, 2011 by canibuk

“La Planète Sauvage” (Fantastic Planet/Planeta Fantástico, 1973, 71 min.) de René Laloux. Roteiro de Roland Topor baseado na obra de Stefan Wul.

Num futuro indeterminado os homens (conhecidos como “oms”) são considerados animais de estimação (ou uma praga como qualquer colônia de insetos) para os Draags, uma raça alienígena gigante com pele azul e grandes olhos redondos, espiritualmente superiores aos seres humanos (mas claro que uma espiritualidade superior/perfeita não impede a matança daqueles considerados inferiores). A história se passa no planeta dos Draags e uma semana de vida dos alienígenas correspondem à um ano de vida dos humanos. Quando um dos “oms” consegue fugir de sua vida de animal de estimação levando uma espécie de fone auricular com todo conhecimento da vida dos Draags, uma rebelião dos homens pode começar a tomar forma.

O que mais chama atenção no filme é seu visual único de imaginação surrealista, uma concepção do escritor Roland Topor bastante inspirado. Topor é o terceiro homem do, hoje, famoso “Movimento Pânico” juntamente com Jodorowsky e Fernando Arrabal (para quem criou os desenhos do início do genial “Viva la Muerte”), em 1965 já havia criado, junto de René Laloux”, o premiado curta “Les Escargots” (assista o curta abaixo). A título de curiosidade: Roland Topor faz um pequeno papel no clássico “Sweet Movie” (1974) de Dusan Makavejev e, depois, desempenhou o papel de Renfield no “Nosferatu” (1979) de Werner Herzog.

“La Planète Sauvage” foi animado no estúdio de Trnka Jiri e foi distribuido nos USA por Roger Corman, tendo ganhado o prêmio do Jurí no Festival de Cannes de 1973. René Laloux, o diretor, também colaborou com Moebius em 1981 para a criação do clássico “Les Maítres du Temps”. Stefan Wul é o pseudônimo usado por Pierre Pairault, um cirurgião-dentista que escreveu inúmeros livros de ficção-científica. “Oms em Serie”, o livro que serviu de base para a criação de “Planète Sauvage”, foi publicado pela primeira vez em 1957.

Em 2010 a distribuidora inglesa Eureka bancou uma restauração do filme e lançou em blu-ray, com material extra que incluí vários curtas de Laloux e um documentário chamado “Laloux Sauvage”. Enquanto isso, aqui no Brasil, foi lançado em VHS pela extinta distribuidora Canal 3.

Instruções para Espelhos, Relógios, Moscas e Escadas

Posted in Literatura with tags , , , , , , , , , on setembro 27, 2011 by canibuk

Comportamento dos Espelhos na Ilha da Páscoa

Quando se põe um espelho a oeste da ilha da Páscoa, ele atrasa. Quando se põe um espelho a leste da ilha da Páscoa, ele adianta. Mediante delicadas medições pode-se encontrar o ponto em que esse espelho estará na hora, mas o ponto que serve para esse espelho não é garantia de que sirva para outro, pois os espelhos são feitos de diferentes materiais e reagem segundo lhes dá na telha. Assim, Salomón Lemos, o antropólogo a serviço da Fundação Guggenheim, se viu morto de tifo ao olhar seu espelho de barbear, tudo isso a leste da ilha. E ao mesmo tempo um espelhinho que ele esquecera a oeste da ilha da Páscoa refletia para ninguém (estava jogado entre as pedras) Salomón Lemos de calça curta indo para a escola, depois Salomón Lemos nu na banheira, sendo entusiasticamente ensaboado por seu pai e sua mãe, depois Salomón Lemos falando “ah” para grande emoção de sua tia Remeditos numa fazenda do município de Trenque Lauquen.

Instruções para dar Corda no Relógio

Lá no fundo está a morte, mas não tenha medo. Segure o relógio com uma mão. Pegue com dois dedos o pino da corda, puxe-o suavemente. Agora se abre outro prazo, as árvores soltam suas folhas, os barcos correm regata, o tempo como um leque vai se enchendo de si mesmo e dele brotam o ar, as brisas da terra, a sombra de uma mulher, o perfume do pão.

Que mais quer, que mais quer? Amarre-o depressa a seu pulso, deixe-o bater em liberdade, imite-o anelante. O medo enferruja as âncoras, cada coisa que pôde ser alcançada e foi esquecida começa a corroer as veias do relógio, gangrenando o frio sangue de seus pequenos rubis. E lá no fundo está a morte se não corremos, e chegamos antes e compreendemos que já não tem importância.

Progresso e Retrocesso

Inventaram um vidro que deixava passar as moscas. A mosca chegava, empurrava um pouco com a cabeça e pop, já estava do outro lado. Enorme, a alegria da mosca.

Tudo foi estragado por um sábio húngaro, quando descobriu que a mosca podia entrar mas não podia sair, ou vice-versa, por causa de quem sabe lá que besteira na flexibilidade das fibras daquele vidro que era muito fibroso. Em seguida inventaram o caça-moscas com um torrão de açúcar dentro, e muitas moscas morriam desesperadas. Assim acabou toda a confraternização possível com estes animais dignos de melhor sorte.

Instruções para Subir uma Escada

Ninguém terá deixado de observar que freqüentemente o chão se dobra de tal maneira que uma parte sobe em ângulo reto com o plano do chão, e logo a parte seguinte se coloca paralela a esse plano, para dar passagem a uma nova perpendicular, comportamento que se repete em espiral ou em linha quebrada até alturas extremamente variáveis. Abaixando-se e pondo a mão esquerda numa das partes verticais, e a direita na horizontal correspondente, fica-se na posse momentânea de um degrau ou escalão. Cada um desses degraus, formados, como se vê, por dois elementos, situa-se um pouco mais acima e mais adiante do anterior, princípio que dá sentido à escada, já que qualquer outra combinação produziria formas talvez mais bonitas ou pitorescas, mas incapazes de transportar as pessoas do térreo ao primeiro andar.

As escadas se sobem de frente, pois de costas ou de lado tornam-se particularmente incômodas. A atitude natural consiste em manter-se em pé, os braços dependurados sem esforço, a cabeça erguida, embora não tanto que os olhos deixem de ver os degraus imediatamente superiores ao que se está pisando, a respiração lenta e regular. Para subir uma escada começa-se por levantar aquela parte do corpo situada em baixo à direita, quase sempre envolvida em couro ou camurça e que salvo algumas exceções cabe exatamente no degrau. Colocando no primeiro degrau essa parte, que para simplificar chamaremos pé, recolhe-se a parte correspondente do lado esquerdo (também chamada pé, mas que não se deve confundir com o pé já mencionado), e levando-se à altura do pé faz-se que ela continue até colocá-la no segundo degrau, com o que neste descansará o pé, e no primeiro descansará o pé. (Os primeiros degraus são os mais difíceis, até se adquirir a coordenação necessária. A coincidência de nomes entre o pé e o pé torna difícil a explicação. Deve-se ter um cuidado especial em não levantar ao mesmo tempo o pé e o pé).

Chegando dessa maneira ao segundo degrau, será suficiente repetir alternadamente os movimentos até chegar ao fim da escada. Pode-se sair dela com facilidade, com um ligeiro golpe de calcanhar que a fixa em seu lugar, do qual não se moverá até o momento da descida.

Escrito por Julio Cortázar (extraído do livro “Histórias de Cronópios e de Famas”).

Disco Dancer

Posted in Cinema, Música with tags , , , , , , , , , , , on setembro 26, 2011 by canibuk

“Disco Dancer” (1982, 135 min.) de Babbar Subhash. Com: Mithun Chakraborty, Rajesh Khanna e Kim.

Ontem assisti ao fantástico “Disco Dancer”, um Bollywood Movie por excelência, inspirado no “Saturday Night Fever” (“Os Embalos de Sábado à Noite”), só que infinitamente mais divertido.

“Disco Dancer” conta a história de Jimmy, um artista de rua acusado de ser ladrão quando criança, que tem sua grande chance no mundo da música quando Sam, o astro do momento, se recusa a fazer um show e Jimmy é colocado para substituí-lo por um esperto empresário. A nova carreira de Jimmy vai bem até que capangas contratados pelo pai de Sam (que, numa trama de dar inveja às novelas da Globo, é o mesmo homem que acusou Jimmy de ser ladrão quando criança) passam à persegui-lo. Numa cena engraçadíssima por seu exagero a la indianos, a mãe de Jimmy morre eletrocutada por uma guitarra na frente dele, fazendo-o desenvolver uma hilária doença chamada “guitarphobia” que pode destruir sua carreira de sucesso. Os primeiros 45 minutos do filme possuem um ritmo alucinante, com vários números musicais, um mais inspirado do que o outro, se atropelando. Inclusive, quem for assistir ao “Disco Dancer”, chamo atenção aqui para os inventivos movimentos de câmera no número musical que abre o filme, que são muito bem bolados (segue a cena no vídeo abaixo). Depois o filme dá uma pequena decaída porque, por um bom tempo, esquece os números musicais para se concentrar nos dramas de Jimmy (mas é drama indiano, ou seja, você vai dar muitas gargalhadas).

“Disco Dancer” foi um sucesso mundial na época do seu lançamento, sendo até hoje um dos filmes indianos com maior bilheteria na Rússia (Ex-União Soviética) e, na China, sua trilha sonora ganhou até prêmios. A produção foi dirigida por Babbar Subhash que se tornou uma lenda do cinema de Bollywood exatamente por este filme, e, realizou ainda outros filmes no estilo, como “Dance Dance” (1987). Mithun Chakraborty, que interpreta o dançante Jimmy, é um ator extremamente famoso e requisitado na indústria cinematográfica indiana, tendo em sua filmográfia mais de 350 títulos. Em 1988 o grupo americano Devo lançou uma música chamada “Disco Dancer”, inspirada na música “I am a Disco Dancer” da ótima trilha sonora de “Disco Dancer”, toda composta pelo músico Bappi Lahari, considerado o pioneiro no uso da música disco no cinema indiano.

capa do LP com soundtrack do Disco Dancer.

Se você procura uma diversão dramática musical cheia de cenas de ação, com lutas marciais e romance, “Disco Dancer” é seu filme!

Segue algumas cenas deste clássico de Bollywood:

Com uma pálida face de felina e sobrancelhas inclinadas para lá!

Posted in Arte e Cultura, Cinema, Fetiche, Televisão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 25, 2011 by canibuk

Nós do Canibuk adoramos as divas macabras e sexys que marcaram o cinema entre as décadas de 30 e 60, Carolyn Jones (Morticia Adams), Yvonne De Carlo (Lily Munster), Elsa Lanchester (Noiva do Frankenstein) e a mais recente, Cassandra Peterson (Elvira). Mas nesse post vamos falar daquela que certamente inspirou a maioria delas:  Vampira, personagem inesquecível da Maila Nurmi que ficou popular nos anos 50.

Maila Nurmi nasceu na Finlândia em 1922, mas foi ainda bebê pros EUA. Foi  atriz da Broadway,  onde trabalhou com a Mae West na Peça “Catherine Was Great” , sendo demitida pela mesma em 1944, porque, segundo consta, a West temia estar tendo seu brilho ofuscado. Também foi dançarina e modelo, chegando a modelar pro Alberto Vargas (o famoso pintor das Pin Ups) e Man Ray e fez pequenas participações em filmes de baixo orçamento.

A personagem  surgiu em 1953 num anual baile de máscaras que existia em Hollywood naquela época, inspirada no cartoon  “The New Yorker” de Charles Addams,  ela achatou os seios, usou uma enorme peruca preta e pintou o corpo com pó de lavanda pra ficar com aparência de morta. Derrotou, neste baile, vários concorrentes, ganhando o prêmio de melhor figurino. Chamou também a atenção do produtor de TV Hunt Stromberg Jr., que a perseguiu por uns 5 meses, conseguindo enfim seu número de telefone. Tudo isso lhe rendeu o convite para apresentar o programa de horror que se chamaria “The Vampira Show” e seria exibido tardes da noite numa espécie de chamadas que podemos comparar por aqui com o Cine Trash, apresentado pelo Zé do Caixão nos anos 90, e que era do caralho, diga-se de passagem. Pra não plagiar a criação de Addams, ela fez algumas modificações na personagem, tornando-a mais sexy e acrescentando elementos de outras influências culturais. Misturando o penteado e a cigarrilha da “Lady Dragon” dos quadrinhos “Terry and the Pirates“, a maquiagem e sobrancelhas da “Rainha Malvada” de “Branca de Neve“, a cintura fina e as longas unhas de dominatrixes tiradas de revistas especializadas em fetiche e pin ups.

Lady Dragon, os cabelos e cigarrilha - elementos que Maila incorporou na personagem Vampira.

O nome Vampira foi sugestão do seu marido Dien Riesner, que era um roteirista. A mulher alta e macabra de pele pálida, sobrancelhas exageradamente arqueadas, longos cabelos pretos, unhas vermelhas enormes, cintura finíssima, usando um vestido preto com uma fenda que revelava suas pernas vestidas numa meia arrastão, arrebatou de primeira uma legião de fãs, muitos do sexo masculino, com fã-clubes surgindo em todo o mundo. Conhecida como sendo mal-humorada e sem “papas na língua” confessou usar o sexo como sua arma, e que se utilizava, conscientemente, de  seus longos dedos e da cigarrilha pra passar idéia  de símbolos fálicos, –gostei demais dessa parte, ahahaha. Seguiu-se uma sucessão de aparições e shows que só aumentavam sua popularidade, foi indicada ao Emmy em 1954,  apareceu em diversos artigos de revistas e em shows especiais por volta de Las Vegas. O Vampira Show durou apenas um ano. Em 1955, Maila teve seu programa cancelado e foi demitida da TV por suspeita de inclinações comunistas, segundo anunciou um jornal da época.

Tendo chamado a atenção de Bela Lugosi, que quando a viu na TV se declarou fã e confessou a Ed Wood sua vontade de trabalhar com a vampira exótica, foi convidada, então,  para fazer a mulher de Lugosi no filme  “Plan 9 from Outer Space“.  Pouco depois do início das filmagens, Bela Lugosi faleceu, mas o filme foi concluído, pois Ed Wood já tinha filmado um bom material com ele.

Logo após as filmagens  de “Plan 9 from Outer Space“, Maila declarou estar consciente de ter cometido “suicídio profissional”, desacreditava tanto no roteiro do filme que pediu pra não ter falas. Revelou ter pena de Ed Wood e o chamava de “pouco inteligente”.  Ironicamente, hoje ela é mais conhecida  pelo papel nesse filme do que pelos shows e aparições que fez por onde quer que fosse.

No final dos anos 50, sua carreira entrava em declínio. Começou a fazer participações em filmes considerados “péssimos”, numa tentativa de estender a fama.

Em 1981, Maila foi sondada por uma TV de Los Angeles que surgiu com a idéia de reviver a Vampira na televisão. Colaborou com a produção do show onde teria os créditos de produtora executiva, mas, devido a incompatibilidade de idéias, largou o projeto. Em 2005, confessou a Bizarre Magazine que tudo aconteceu porque a emissora tinha contratado a atriz Cassandra Peterson sem a consultar. Como ela detinha os direitos sobre a personagem, não foi possível usarem o nome Vampira, então logo renomearam o show para “Elvira’s Movie Macabre“, com a Peterson como apresentadora. Maila processou Cassandra Peterson alegando que a personagem Elvira juntamente com todos os elementos do show não passavam de plágio.  Peterson se defendeu dizendo que Elvira nada tinha de Vampira, exceto o vestido e cabelos pretos. Maila perdeu o processo. Mas não restam dúvidas que a personagem  Elvira é fortemente influenciada pela Vampira, o que só aumenta a força  e importância dessa personagem que virou um ícone do horror.

The Vampira Show

Do dia 30 de abril de 1954 até 02 de abril de 1955, a rede ABC Television, de Los Angeles, através de sua afilhada KABC-TV, levou ao ar o show de variedades “The Vampira Show”, apresentado por Vampira e criado/produzido por Hunt Stromberg Jr., programa feito ao vivo (por este motivo, cenas com a Vampira apresentando este programa são verdadeiras raridades). Com um salário semanal de 75 dólares, Vampira apresentava para o público da TV vários clássicos do cinema de horror do passado. A música tema do programa foi criada a partir do movimento adagio do “Music for Strings, Percussion and Celesta” do compositor Bela Bartok, misturado com trechos de “The Planets” de Gustav Holst. A série foi cancelada em 1955, quando Maila Nurmi se recusou a vender os direitos da personagem para a rede de TV ABC (e foi acusada de ser comunista).

No youtube há umas poucas imagens do programa original, como é possível conferir no vídeo abaixo:

Após se aposentar, Maila virou pintora e começou a pintar retratos da Vampira.  Os quadros são muito procurados por colecionadores. Morreu dormindo, aos 85 anos, em janeiro de 2008.

Na música ela foi homenageada por bandas como Misftis, com a música “Vampira”:

E no Brasil, pela banda Zumbi do Espaço, com a música “Nos Braços da Vampira”:

Além da própria vampira, em carne e ossos, cantar duas músicas no EP “I’m Damned” com a banda Satan’s Cheerleaders em 1987.

Caça às Bruxas

A carreira de Maila Nurmi foi prejudicada quando ela foi acusada de ser comunista pelos macartistas comandados por Joseph Raymond McCarthy, um político de extrema direita que foi eleito senador pelo partido Republicano em 1946 (após ter sido rejeitado pelo partido Democrata) e, durante os próximos 10 anos de sua vida política, ele e sua equipe tornaram-se célebres pelas agressivas e infâmes investigações nos USA contra os simpatizantes do Comunismo. McCarthy propôs acabar com greves usando a força do exército e queria ainda levar quem se recusasse a trabalhar ao tribunal marcial. O período entre 1950 e 1956, quando as perseguições se tornaram mais fortes, é conhecido pelo nome Macartismo, “terror vermelho” ou, ainda, como “caça às bruxas”, numa alusão ao período da idade-média onde os católicos perseguiam seus inimigos acusando-os de bruxaria. Muitas pessoas tiveram suas carreiras destruídas pelos macartistas, várias chegando a se suicidarem. Por sorte, o senador McCarthy morreu em 02 de maio de 1957, vítima de hepatite aguda.

Filmes com Maila Nurmi/Vampira

Em 1947 Maila Nurmi, antes da fama, estreiou no longa dramático “If Winter Comes” de Victor Saville no papel não-creditado de uma convidada. No ano seguinte, 1948, fez outra figuração na comédia musical “Romance on the High Seas” de Michael Curtiz como uma passageira num navio, também não-creditada. Depois de seu programa na TV (além do “The Vampire Show”, ela ainda trabalhou nos programas “The Red Skelton Show”, “Vampira” (1956) e “Playhouse 90” (1957), este dois últimos, tentativas de retornar à personagem Vampira em outros canais de TV). Segue uma listinha de produções onde a Vampira interpreta personagens que merecem uma conferida:

“The Beat Generation” (1959, 95 min.) de Charles F. Haas, sobre um detetive em busca de um estuprador. Maila Nurmi interpreta uma poetisa.

“Plan 9 From Outer Space” (1959, 79 min.) de Edward D. Wood Jr., uma louca invasão de gays espaciais que pretendem dominar o mundo ressuscitando os mortos. Nurmi aparece creditada como Vampira e faz o papel dela mesma.

“The Big Operator” (1959, 91 min.) de Charles F. Haas, drama de investigação criminal estrelado pela Mamie Van Doren e Mickey Rooney. Nurmi aparece no papel de “Gina”.

“Sex Kittens go to College” (1960, 94 min.) de Albert Zugsmith, comédia adolescente estrelada por Mamie Van Doren onde Nurmi faz o papel de “Etta Toodie”.

“The Magic Sword” (1962, 80 min.) de Bert I. Gordon, fantasiadramática estrelada pelo astro Basil Rathbone onde Nurmi faz um pequeno papel.

“Dry” (1996, 10 min.) de Mika Ripatti, depois de ter ficado por vários anos afastada do cinema (depois de “The Magic Sword” ela só fez uma pequena participação não-creditada no longa “Population: 1” de Rene Daalder, no papel de uma mãe), Maila Nurmi reaparece neste curta “Dry” no papel principal.

“I Woke Up Early the Day I Died” (1998, 90 min.) de Aris Iliopulos, uma comédia com roteiro escrito nos anos de 1960 por Edward D. Wood Jr. e estrelado por Billy Zane, Tippi Hedren, Ron Perlman e Christina Ricci. Nurmi faz uma participação como uma mulher no lobby de um hotel.

“No Way In” (2000, 20 min.) de Sam Mussari, curta-metragem que marca a última aparição de Maila Nurmi no cinema, aqui no papel de uma mulher num bar.

Em 1994 Tim Burton realizou sua obra-prima “Ed Wood”, a cinebiografia do diretor/produtor/roteirista Edward D. Wood Jr., interpretado por Johnny Depp, onde a modelo Lisa Marie encarna, com perfeição, a Vampira e a apresenta para uma nova geração de fãs. Nesta produção de Burton temos um gostinho de como teria sido o programa “The Vampira Show” e sua popularidade em Hollywood durante a curta temporada da série. “Ed Wood” foi lançado em VHS/DVD no Brasil. Item obrigatório na coleção de qualquer cinéfilo que se preze.

Documentários Imperdíveis com Depoimentos de Maila Nurmi/Vampira

“James Dean: The First American Teenager” (1976) de Ray Connolly.

“The Incredibly Strange Film Show: Ed Wood Jr.” (1989) – Uma série de documentários sobre cineastas bagaceiros geniais, sempre apresentados por Jonathan Ross.

“Flying Saucers Over Hollywood: The Plan 9 Companion” (1992) de Mark Patrick Carducci.

“Vampira” (1995) de Mika Ripatti, sobre a carreira de Maila Nurmi, produzido na Finlândia.

“The Haunted World of Edward D. Wood Jr.” (1995) de Brett Thompson.

“Schlock! – The Secret History of American Movies” (2001) de Ray Greene.

“Monsterama: A Tribute to Horror Hosts” (2004) de Ed Polgardy.

“American Scary” (2006) de John E. Hudgens.

“Vampira: The Movie” (2006) de Kevin Sean Michaels, sobre a vida e obra de Maila Nurmi.

Dr. Bartolomeu e a Clínica do Sexo

Posted in Vídeo Independente with tags , , , , , , on setembro 24, 2011 by canibuk

“O Retorno do Dr. Bartolomeu e a Clínica do Sexo” (2008, 180 min.) de Tom Camp’s (Antônio Campos). Com: José Mojica Marins, Vivian Mello, Sharon, Dany, Josy e Iza.

Nesta continuação de “Dr. Bartolomeu e a Clínica do Sexo” (2001, Tom Camp’s e Mario Lima), José Mojica Marins interpreta o Dr. Bartolomeu, um médico pesquisador de uma poderosa fórmula contra a impotência sexual, mais forte do que o Viagra.

Como o Mojica se mete em tanto filme ruim é de deixar o cara pensando, seriam amizades erradas que fazem ele ajudar nas produções, desespero por grana ou conviccões ideológicas?… No caso deste “Dr. Bartolomeu” acredito que possa ser por convicções ideológicas. Explico: Em 2004 assisti uma palestra do Mojica em Goiânia onde ele vociferava, tal qual um pastor crente dos infernos, o medo masculino da impotência sexual, zoava com a nova geração dos bebedores de coca-cola e dizia que todos eles iriam se tornar adultos brôxas. Eu, com uma cerveja na mão, me divirti muito aquele dia. Toda a obra de Mojica, desde os anos de 1960, esboça o medo da impotência, então penso, que muitas vezes Mojica se mete nos projetos mais horríveis acreditando que estará fazendo o filmaço e acreditando muito que assunto “X” deva ser discutido e se o diretor “Y” não consegue fazer um filmaço, isso já é outra história.

Aqui neste “O Retorno do Dr. Bartolomeu e a Clínica do Sexo”, Mojica ganha vários diálogos sérios que, quando ditos com seu português maravilhosamente errado (amo o jeito que o Mojica fala), se tornam engraçadíssimos. Mojica não está em nenhuma cena de sexo, ele funciona como uma espécie de apresentador das fodas do filme, fodas essas com meninas bonitinhas (nenhuma maravilhosa, mas também nenhuma como as feiosas engraçadas/espirituosas do cine-pornô nacional dos anos de 1980) que, pela falta de empenho, tornam as trepadas um sexo burocrático sem vida e, num pornô, não há nada pior do que trepadas meia-boca.

Mas mesmo assim, com tudo sendo tão mornô (menos a interpretação do Mojica que está ótima), deixo a dica para que todos conheçam essa produção que, para além do bem e do mal, dá seqüência a tradição pornográfica de Mojica iniciada com filmes como “24 Horas de Sexo Ardente”, “A Quinta Dimensão do Sexo”, “48 Horas de Sexo Alucinante” e “Dr. Frank na Clínica das Taras”.

Comprar ou assistir o filme, clique aqui:

http://www.sexxxyvod.com.br/portal/dvds/sobre.cfm?accept=true&ID=794

Viva Cangaceiro

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , on setembro 23, 2011 by canibuk

O Cangaceiro (também conhecido pelos títulos alternativos “Viva Cangaceiro”, “The Magnificent Bandits” e “Rebelião dos Brutos”, 1971, 104 min.) de Giovanni Fago. Com: Tomas Milian, Eduardo Fajardo e Ugo Pagliai.

Expedito, um dos únicos sobreviventes de um massacre onde matam até seu bezerrinho, conhece um ermitão e passa a acreditar que é uma espécie de Jesus Cristo do sertão nordestino, ensina os pobres a usar armas e forma um bando de cangaceiros revolucionários, uma espécie de exército Brancaleone nos trópicos. Claro que toda essa transformação social via cangaço está acontecendo numa região de Pernambuco rica em petróleo e os cangaceiros atrapalham os planos dos poderosos.

“O Cangaceiro” é uma co-produção entre Itália e Espanha, dirigida por Giovanni Fago, que na época já havia dirigido outros dois interessantes filmes, “Per 100,000 Dollari ti Ammazzo” e “Uno di Più All’Inferno”. Fago é influênciado por grandes westerns da década anterior, como as produções de Sergio Leone, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (Glauber Rocha) e “El Topo” (Jodorowsky) e consegue ótimos climas típicos dos spaghetti westerns em cenário tropical.

Estrelado por Tomas Milian, um cubano filho de um general detido e preso após o ditador Fulgencio Batista ter tomado o poder da ilha e o sempre divertido Eduardo Fajardo (que entre 1947 e 2000 apareceu em mais de 160 filmes, entre eles “Django”, “Vamos a Matar, Compañeros!” e “Viva la Muerte… Tua!”), “O Cangaceiro” conta ainda com trilha sonora composta pelo Riz Ortolani que faz um inventivo uso dos ritmos brasileiros e não escapa de usar a música “Mulher Rendeira”, também usada no “O Cangaceiro” (1953) de Lima Barreto. Ortolani ficaria famoso pela trilha sonora do clássico “Cannibal Holocaust” alguns anos depois deste filmaço.

Segue o trailer de “O Cangaceiro”:

Cut it Out!!!

Posted in Animações with tags , , , , , , , , , , on setembro 22, 2011 by canibuk

Você gosta de uma faca afiada? Você gosta de testar coisas diferentes? Já pensou em ter as pernas amputadas por um grande bloco de concreto, ou cortar o pau fora com uma faca cega, ou ter a bunda explodida por uma banana de dinamite, ou, o saco arrancado fora por um barbante amarrado à ele?

Leyla Buk encontrou este vídeozinho delicioso (e me passou porque sabia que eu ia adorar) com algumas técnicas de auto-tortura, é hilário, rolei de rir ao ver ceninhas inventivas do cara testando formas de infringir dor nele mesmo (não temos maiores informações sobre quem produziu essa animação).

Sadismo dos bons (clique no link):

http://www.liveleak.com/view?i=5ef_1309953517

Die Reise Ins Glück

Posted in Cinema with tags , , , , , , , on setembro 21, 2011 by canibuk

Die Reise Ins Glück (A Journey Into Bliss, 2004, 73 min.) de Wenzel Storch. Com: Jürgen Höhne, Jasmin Harnau, Holger Müller, Frank Bauer, Jörg Buttgereit e Jeanette Eisebitt.

Animais falantes, as cores berrantes do LSD, histeria, uma tribo de jazz degenerada, um navio caracol, a nobreza européia vegetando e Jörg Buttgereit fazem o caldo para o capítulo final de sua trilogia iniciada com “Der Glanz Dieser Tage” (1989) e “Sommer der Liebe” (1992). Aqui no Brasil filmes estranhos geralmente não caem no gosto do espectador comum (algo que não consigo entender, já que os filmes de super-heróis, verdadeiros contos de fadas para peludos, fazem tanto sucesso), mas como estou longe de ser um espectador comum, simplesmente adorei essa pequena pérola do diretor Wenzel Storch que eu não conhecia.

Para produzir “Die Reise ins Glück”, Storch e seus associados tentaram, por cerca de dois anos, vários financiamentos financeiros insuficientes, tendo então que organizar uma arrecadação de fundos entre amigos e simpatizantes do projeto para completar a quantia necessária para a realização do filme. Fácil entender, ao ver o filme, porque ninguém queria colocar dinheiro: Lá pelas tantas, dois ministros da propaganda (numa clara alusão aos nazistas), para chamar atenção de algumas crianças, urinam nelas! Genial!!!

Jörg Buttgereit, além de ser o consultor dos efeitos especiais de “Die Reise ins Glück”, aparece ainda no papel de um nobre (cuja cabeça explode ao comer uma codorna). Para quem não era caçador de filmes obscuros em VHS nos anos de 1990, saiba que Buttgereit foi o autor de alguns dos mais virulentos filmes undergrounds alemães dos anos de 1980 e 1990, que nós, caçadores de VHS’s, corríamos feitos loucos atrás. É do Buttgereit o quarteto de clássicos “Nekromantik” (1987) e sua continuação de 1991, “Der Todesking” (1990) e “Schramm” (1994), verdadeiras obras-primas do cinema independente. Após lançar “Schramm”, Buttgereit passou a trabalhar como técnico de efeitos especiais (os efeitos de “Kondom des Gravens”, 1996, do diretor Martin Walz, lançado nos USA pela Troma, são dele, só prá citar um exemplo) e diretor de documentários da televisão alemã, seu único longa desde então é “Captain Berlin Versus Hitler” (2009) que ainda não tive o prazer de assistir.

“Die Reise ins Glück” é uma amável mistura de “Desperate Living” (John Waters) com o cinema infantil de todas as épocas.

O filme foi disponibilizado inteiro no youtube: