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Mesa of the Lost Women

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 10, 2012 by canibuk

“Mesa of the Lost Women”  (1953, 70 min.) de Ron Ormond e Herbert Tevos. Com: Jackie Coogan, Allan Nixon, Lyle Talbot e Dolores Fuller.

Com uma trama prá lá de confusa e mal conduzida, “Mesa of the Lost Women” é outra destas deliciosas sci-fi trasheiras que somente os anos 50 conseguiam proporcionar. Aqui um cientista maluco (e existe, no cinema, algum cientista que não seja maluco?), que já criou aranhas gigantes em seu laboratório secreto de Zarpa Mesa, México, tenta criar uma nova raça de supermulheres com poderes regenerativos. Essas mesmas experiências quando aplicadas nos homens os torna anões desfigurados. Tudo isso embalado por efeitos especiais vagabundos, narrativa caótica e cenários capengas.

Com um roteiro que tenta ser sofisticado em seus flashbacks, tudo falha com a pobreza da produção e amadorismo dos atores. Tenta ser um roteiro desconcertante com suas várias reviravoltas, mas nada funciona como deveria. Melhor para nós que ganhamos mais um maravilhoso lixo cinematográfico. Quando ficamos sabendo a história da produção, entendemos melhor porque o filme é tão bagunçado: Parece que Herbert Tevos começou dirigindo o filme para a Howco International (produtora de New Orleans especializada em filmes de baixo orçamento, responsável por lançar filmes como “Jail Bait” (1954) de Edward Wood Jr., “Carnival Rock” (1957) de Roger Corman, entre vários outros), provissoriamente intitulado “Tarantula” (não confundir com o filme de Jack Arnold de 1955), e que foi interrompido após os produtores perceberem o quanto era díficil trabalhar com Tevos. Depois de algum tempo com a produção parada, o projeto teria sido finalizado por Ron Ormond que filmou cenas adicionais para que o filme fosse um longa-metragem.

Ron Ormond foi um dos donos da Howco (ao lado de Joy Newton Houck Jr. e J. Francis White). Produziu cerca de 40 filmes e dirigiu mais de 20 títulos, a maioria westerns e exploitations. “Mesa of the Lost Women” é um de seus clássicos tendo recebido, anos depois, o Golden Turkey Awards de “Most Primitive Male Chauvinist Fantasy”. Outros filmes de Ormond que merecem uma conferida são “Girls from Tobacco Row” (1966), uma comédia musical hilária; “The Exotic Ones” (1968), comédia de humor negro onde três caçadores capturam um monstro do pântano; “The Grim Reaper” (1976), trasheira que não deve ser confundida com o clássico “Antropophagus” (1980) de Joe D’Amato, cuja versão censurada nos USA se chama “The Grim Reaper”; e “39 Stripes” (1979), drama evangélico de riso involuntário sobre o marginal Ed Martin que se converteu ao cristianismo na prisão. Ormond realizou vários filmes religiosos que são ótimas comédias involuntárias. Herbert Tevos era hungaro e, até onde sei, “Mesa of the Lost Women” foi sua única experiência cinematográfica.

No elenco deste clássico da ruindade encontramos a atriz Dolores Fuller (1923-2011) em uma pequena participação. Ela se tornou conhecida (nos anos 90) como a esposa de Ed Wood Jr., com quem fez “Glen Or Glenda?” (1953), registrado por Tim Burton em seu melhor filme até hoje, “Ed Wood”, de 1994. Dolores ficou famosa como compositora, suas canções foram gravadas por famosos como Elvis Presley, Nat King Cole e Peggy Lee. Aliás, por falar em música, a trilha sonora de “Mesa of the Lost Women” foi reaproveitada em “Jail Bait” de Edward D. Wood Jr., que conta em seu elenco com Dolores e o veterano Lyle Talbot (1902-1996) que já havia se destacado em inúmeros westerns quando começou a trabalhar com Wood (Talbot também fez um papel em “Plan 9 From Outer Space” (1959) e no fim da vida apareceu em “Amazon Women on the Moon/As Amazonas na Lua” (1987) de Joe Dante, Carl Gottlieb, Peter Horton, John Landis e Robert K. Weiss).

“Mesa of the Lost Women” tem alguns cartazes que vendem a idéia de erotismo, mas não se iluda, não há putaria no filme e as meninas aparecem sempre vestidas. Este filme é um ótimo exemplar de uma época em que pequenas produtoras e/ou distribuidoras de filmes de baixo orçamento conseguiam sobreviver produzindo os mais fantásticos argumentos descerebrados que tanto adoramos. Mesmo quando nada funcionava como era para funcionar, os filmes entregues por estes produtores picaretas divertiam e empolgavam de tal modo que são ainda hoje relembrados e festejados. “Mesa” é um destes clássicos trash que merece ser (re)descoberto.

por Petter Baiestorf.

Veja “Mesa of the Lost Women” aqui: